“Se a cidade dos lakedaimónios se tornasse deserta e nada restasse dela senão seus templos e as fundações dos outros edifícios, penso que a posteridade, após um longo tempo, custaria a crer que seu poder fosse tão grande quanto a sua fama. E eles, todavia, ocupam dois quintos do Pelopônnesos e exercem a hegemonia sobre todo ele, bem como sobre muitos de seus aliados em outras regiões; isso não obstante, como Spárte não é compactamente edificada à semelhança de uma cidade, e não foi dotada de custosos templos e outras construções – ela é habitada à maneira dos povoados no antigo estilo helênico –, seu poder pareceria menor que o real. Em contraste, se Atênai tivesse o mesmo destino, penso que seu poder, a julgar pela aparência das ruínas da cidade, pareceria duas vezes maior do que efetivamente é.”
Assim descreveu Tucídides em seu livro sobre a Spárte de seu tempo, o que se revelou profético. Enquanto as majestosas ruinas de Atênai atraem visitantes de todo o mundo, pouco restou da Spárte clássica. A cidade era, na verdade, uma junção de quatro vilas – Kinousura, Limnai, Pitana e Mesoa – sem que existisse uma muralha para protegê-la. Supostamente, seus guerreiros a defenderiam com seus escudos e lanças, como se eles fossem as verdadeiras muralhas.
Os lakedaimónioi permaneceram parcialmente independentes e isolados por boa parte do período helenístico até serem incorporados ao império romano. A tradição da agogá, contudo, foi reavivada e atraiu ricos patrícios romanos que queriam que seus filhos tivessem a formação rígida dos guerreiros dos séculos anteriores. Spárte ficou na moda novamente e se estabeleceu como um centro de formação. No século IV d.C. foi saqueada pelos bárbaros que invadiram o império e decaiu até ser abandonada durante a idade média. Mais tarde, no século XIII, foi fundada a cidade fortaleza de Mystrás na encosta da montanha. Somente após a independência grega, a nova Spárte (Spárti) foi refundada no local das vilas antigas. A partir daí, os habitantes de Mystrás trocaram a montanha pela nova cidade, sendo a anterior abandonada.
Spárti tem cerca de 35 mil habitantes e é a capital da Lakonía. É também um ponto usual de partida para a visita ao sítio de Mystrás. Outra atração é o Meneláion, um morro ao sul da cidade, onde ficava o centro urbano da idade do bronze. No século V a.C. havia ali um templo, hoje em ruinas, em homenagem a Menélaos e sua esposa Heléne (mais conhecida como “Heléne de Tróia”).
Há também belezas naturais em Esparta, sendo a maior delas o Táigetos (ou Taygetos), uma cordilheira que domina o horizonte a oeste contrastando com a planície. Seu ponto mais alto é o pico “Profeta Elias” (Elijah) com 2.400 m que, como outros, permanece coberto de neve durante o inverno. As encostas são cobertas por florestas de abetos e pinus negros e numerosos riachos descem da montanha para desaguar no Eurótas.
Há relatos de que na antiguidade criminosos eram jogados em um abismo na montanha conhecido como Caiádas. Restos humanos recentemente descobertos parecem confirmar isso. Porém, o mito iniciado por Plutarco de que recém-nascidos indesejados eram abandonados ali não teve comprovação arqueológica. Além de nenhuma outra fonte antiga ter relatado esse brutal costume, nenhum resto de criança foi encontrado neste local, somente de adultos e adolescentes.
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