A principal forma de combate terrestre entre os hellénes do século V a.C. era a falange de hoplítai, a infantaria pesada. Segundo os historiadores a falange teria surgido dois séculos antes e estava ligada ao surgimento da pólis. Anteriormente, os aristocratas dominavam a guerra e lutavam a longa distância com mísseis, ou em combate corpo a corpo como podemos inferir pela Ilíada. Nesta época, a principal arma era uma lança curta de arremesso e como defesa, os guerreiros usavam um capacete aberto, um escudo redondo de empunhadura única e uma espada. Eram assim que combatiam Menélaos e Páris ou Akilêus e Héktor.
A guerra mudou completamente com a introdução do escudo de duas empunhaduras (uma para o braço e outra para a mão) e a formação densa da falange. A guerra individual foi drasticamente alterada para o embate de falanges rigidamente posicionadas frente a frente. As lanças de arremesso foram trocadas por uma única lança mais pesada e escudo por um mais largo e mais pesado do que o anterior. Em fileiras fechadas, isso passou a fazer mais sentido, com seu portador procurando a cobertura para seu lado direito vulnerável atrás da metade redundante do escudo de seu companheiro logo a sua direita. Os guerreiros passaram então a se organizar em fileiras com cerca de oito homens de profundidade, havendo casos com vinte, trinta e até cinquenta homens. A falange passou a exigir muito mais combatentes e uma coesão muito maior entre eles do que a forma de guerra anterior, sendo essencial que cada hoplítes mantivesse seu lugar designado na formação, ou a linha toda poderia sucumbir ao inimigo. A revolução dos hoplítes também pôs fim às aristocracias da era arcaica e abriu o caminho (ao menos em Atênai) para o surgimento da democracia.
As armas e armadura de um hoplítes consistiam em:
um corselete de linho endurecido (que substituiu aos poucos as couraças de bronze);
Embora não haja unanimidade entre os historiadores especializados (afinal nunca há), os livros The Western Way of War: Infantry Battle in Classical Greece de Victor D. Hanson e The Spartan Army de J. F. Lazemby são referências para se entender o combate entre hoplítai. O segundo narra como os lakedaimónioi (considerados os melhores hoplítai entre os hellénes) lutavam em falanges e como era estruturado o seu exército.
Se os hoplítai representaram a ascensão do soldado-cidadão, os hippêis (ou cavaleiros) representavam os resquícios de uma sociedade ainda muito influenciada por aristocratas (apesar de seu menor número). O custo de se comprar e se manter um cavalo mantinha o seu uso restrito apenas aos indivíduos mais ricos.
Os hellénes jamais usaram os hippêis em grandes números e nem lhes deram funções críticas no combate. Eram usados mais para o reconhecimento ou em ataques laterais contra as falanges. Quando essas se rompiam, eram os hippêis quem caçavam os hoplítai isolados. Em algumas campanhas a falta de hippêis poderia ser um problema, como foi o caso dos atenáioi em sua desastrosa expedição à Sikelía (Sicília).
Em alguns lugares, como entre os boiôtios e os tessálios, o uso dos hippêis em maior escala era mais comum, afinal suas terras eram muito mais propícias para a criação de cavalos. Os atenáioi, porém, mantinham uma força estável de apenas 1200 hippêis. Curiosamente, os lakedaimónios
usavam o nome hippêis para identificar os membros da guarda de 300 homens de cada um dos seus dois reis, ainda que esses combatessem a pé.
Minha principal fonte foi o livro The Cavalry of Classical Greece de I. G. Spence.
Um hippêus (em média) era protegido e armado com:
As melhores representações desses combatentes podem ser vistas nos frisos do Parthenon (Partenónas), nas figuras abaixo:
O nome é oriundo do nome do escudo leve de vime que usavam esses guerreiros, o “pélte”. Os peltástai representavam a infantaria leve e tinham sua origem entre os bárbaros tráikes (trácios). O pélte não tinha aro e era coberto de pele de cabra ou de ovelha, podendo ser carregado com uma alça central e uma alça de mão perto da borda. Os peltástai tráikes costumavam dependurar seus escudos nas costas ao fugir do inimigo.
Suas armas e proteção eram:
Na guerra do Peloponeso os peltástai eram contratados como mercenários. Passaram a ganhar importância ao longo do tempo e eram utilizados em maior escala para fustigar os hoplítai devido a sua maior agilidade. Viriam a ganhar ainda mais participação no século seguinte como o principal tipo de infantaria mercenária. Quando confrontados com os hoplítai, os peltástai lançavam seus dardos a curta distância e, quando os primeiros atacavam, eles recuavam em maior velocidade. Em seguida, retornavam ao ataque.
Na batalha da ilha de Sfaktéria, entre os hoplítai lakedaimónioi e os peltástai e arqueiros dos atenáioi, os “hoplítai foram detidos pelas armas disparadas contra eles de ambos os flancos pelas tropas leves. Embora eles repelissem as tropas leves em qualquer ponto em que elas entrassem e se aproximassem muito, as tropas ligeiras ainda lutavam mesmo em retirada, já que não tinham equipamento pesado e podiam facilmente ultrapassar seus perseguidores” (Tucídides, História da Guerra do Peloponeso).
Uma boa fonte para o entendimento desse tipo de guerreiro, ainda que não seja limitado a eles, é o livro Mercenaries in the Classical World to the Death of Alexander de S. English. Outra fonte, que se tornou um clássico sobre guerras gregas em geral, é The Greek State at War, em cinco volumes, de W. K. Pritchett.
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