FONTES ANTIGAS

Os Historiadores:

Heródotos (485 – 425 a.C.): considerado o ‘Pai da História’, Heródotos de Halikarnássos narrou as duas invasões persas sob Darêios e Xerxes em seu livro ‘História’, obra que é a principal fonte de nosso conhecimento sobre a guerra entre os Hellénes e os Persas, em especial as batalhas de Maratóna, Termopílai, Salamína e Plátaia.

Tukidídes (460 – 395 a.C.): o atenáio Tukidídes escreveu a magistral obra ‘História da Guerra do Pelopônnesos’, um primoroso relato sobre a guerra de mesmo nome e, certamente, uma das mais importantes obras do cânone ocidental. Por seu método criterioso das fontes de pesquisa e por seu conceito sobre a inevitabilidade da guerra, sua obra é estudada por cientistas políticos e é tema presente nas academias militares.

Xenofôn (430 – 355 a.C.): Além de ‘Hellênika’, Xenofôn escreveu outras obras que utilizei em minha pesquisa: ‘Constituição dos Lakedaimónioi’, ‘Memorabília’, ‘Simpósion’, ‘Apologia de Sokrátes’, ‘Hipparkikós’, ‘Sobre a Equitação’ e ‘Anábasis’. Esta última é a sua obra mais conhecida e narra a expedição de dez mil mercenários hellénes sob o príncipe rebelde Kíros até o coração do império persa e a sua dramática retirada (em 401 a.C.).

Hellênika Oxyrhynchia (400 a.C.?): um autor de origem hellênika desconhecido escreveu uma história de seu tempo. Os papiros com o texto foram encontrados em uma localidade chamada Oxyrhynchus, Egito, em 1906 e, por isso, o livro levou o nome de Hellenica Oxyrhynchia.

Diódoros da Sikelía (90 – 30 a.C.): um helléne nascido em Agírion, Sikelía, escreveu a vasta ‘Biblioteca de História’, uma compilação de obras de autores anteriores. Seu relato do meio século anterior à Guerra do Pelopônnesos é considerado mais completo até mesmo do que Tukidídes. Em alguns pontos, sua obra conflita com a de Xenofôn.

Os Biógrafos:

Cornelius Nepos (100 – 25 a.C.): Nepos foi um cidadão romano nascido na Gália que escreveu ‘Vidas Ilustres’, obra em latim que contém anedotas interessantes sobre alguns dos personagens históricos do livro: Lísandros, Alkibiádes, Trasíbulos e Kónon, entre vários outros.

Plútarkos (46 – 120 d.C.): cidadão romano de origem hellênika nascido em Kairôneia, na Boiotía. Escreveu ‘Vidas Paralelas’, uma coleção de vinte e três pares de biografias de personagens hellênikos e romanos comparados entre si, dos quais destaco as vidas de Alkibiádes e Lísandros. É tido por muitos mais como um moralista do que um historiador propriamente dito (o que não diminui a relevância de suas obras).

Os Dramaturgos:

Aiskílos (525 –455 a.C.): foi um atenáio reconhecido como o pai da tragédia. Em suas peças, inovou ao aumentar o número de personagens para permitir conflitos entre eles, além dos diálogos com o coro. Apenas sete de um total estimado entre setenta e noventa peças escritas por ele sobreviveram, dentre as quais uma trilogia, a ‘Orésteia’. O autor teve participação ativa nas guerras contra os persas, tendo lutado em Maratóna, Salamína e Plátaia.

Sofoklés (497 – 406 a.C.): originário de uma família rica, o atenáio Sofoklés teria escrito cerca de cento e vinte peças, das quais apenas sete sobreviveram. Foi eleito strategós e participou da campanha contra a rebelião dos sâmios contra o jugo atenáio. Posteriormente, já no final da vida, foi nomeado um os proboulói (líderes) após o desastre da Sikelía. Dentre suas peças mais conhecidas estão as três que compõe a chamada trilogia tebana: ‘Oidípus Rei’, ‘Oidípus em Kolonós’ e ‘Antigóne’.

Euripídes (480 – 406 a.C.): o terceiro dos grandes tragediógrafos atenáioi, Euripídes teria escrito noventa e cinco peças, das quais dezenove sobreviveram integralmente. É tido como “o mais trágico dos poetas”, tendo se concentrado na vida interior e na motivação de seus personagens de uma forma diversa do costumeiro em sua arte até então. Foi também um profundo explorador da psicologia humana. Dentre suas peças, me impressionaram três em particular: ‘Médeia’, ‘As Troianas’ e ‘Hekábe’.

Aristofánes (447 – 385 a.C.): O autor foi um prolífero comediógrafo atenáio contemporâneo à guerra do Peloponeso. Suas peças nos mostram uma visão satírica e muito crítica do conflito e dos líderes de seu tempo. Inseri no livro uma passagem com a sua peça ‘As Rãs’ que foi apresentada durante o festival das Lênaias de 405 a.C.

Os Filósofos:

Antifôn de Ramnoús (480–411 a.C.): Antifôn foi considerado um dos dez grandes oradores áticos e foi muito relevante na vida política e intelectual em seu país. Atuou como escritor de discursos (um logógrafo) de muito sucesso. Há uma discussão de longa data se Antifôn, o orador, e Antifôn, o sofista, teriam sido a mesma pessoal ou dois homens diferentes. Foi também um dos líderes do golpe oligarca em Atênai em 411 a.C.

Pláton (428 – 347 a.C.): Oriundo de uma rica família, Pláton (cujo nome real era Aristoklés) foi discípulo de Sokrátes na juventude. Seus diálogos apresentam o que seriam suas próprias ideias e a de seu mestre, sendo o mais conhecido deles o longo diálogo ‘A República’. Fundou uma escola de filosofia em Atênai, a Akademía, que levou esse nome por conta de estar localizada no bosque do herói Akádemos. É considerado o maior filósofo da antiguidade e um dos grandes pensadores da história.

Aristotéles (384 – 322 a.C.): Discípulo de Pláton, Aristotéles nasceu em Stágeira, na Kalkidiké, mas viveu em Atênai durante a maior parte de sua vida. Nesta cidade também fundou uma escola de filosofia, o Líkeion (Liceu). Suas obras ‘Politiká’ e ‘Constituição dos Atenáioi’ descrevem a evolução e funcionamento do governo e da política dos atenáioi. Foi tutor do jovem Alexandre, o Grande durante a infância deste.

Aténaios de Náukratis (fins do sec. I e início do sec. II d.C.): Foi um retórico e gramático nascido no Egito. Muitos de seus trabalhos foram perdidos, com a exceção de Deipnosophistáí (O banquete dos Sábios), em quinze volumes

Os Viajantes:

Strábon (63 a.C. 24 d.C.): Foi um cidadão romano de origem hellênika nascido no antigo reino do Pôntos. Escreveu ‘Geografia’, um longo relato de suas viagens por algumas regiões do império.

Pausanías (115 – 180 d.C.): Pausanías foi outro escritor de origem hellênika que relatou suas viagens em sua ‘Descrição da Helláda’, obra que pode ser considerada como um dos primeiros guias de viagem da história. Foi contemporâneo aos imperadores Adrianus, Antoninus Pius e Marcus Aurelius.

Outros:

Tirtáios (século VII a.C.): Tirtáios foi um poeta elegíaco que floresceu na Lakedaimónia, embora diga a lenda que ele tenha nascido em Atênai. Suas obras exortavam a coragem dos guerreiros lakedaimónios a lutarem até a morte na defesa de seu país, tendo especial importância na segunda guerra messênica, mas também posteriormente.

Sapfô (630 – c. 570 a.C.): Poetisa nascida na ilha de Lésbos. É conhecida por sua poesia lírica e amplamente admirada na antiguidade a ponto de ser chamada de a “Décima Musa”. Além de sua obra, Sapfô é conhecida como um símbolo de amor homossexual entre mulheres, sendo o termo “amor lésbico” derivado do nome de sua ilha natal. Além de muitos fragmentos, seu poema mais completo é ‘Ode a Afrodíte’.

Hippokrátes (460 – 375 a.C.): Médico de Kós que é tradicionalmente considerado o pai da medicina. Tem sido reverenciado por seus padrões éticos na prática médica, principalmente pelo chamado ‘Juramento de Hippokrátes’, ainda que muito provavelmente não tenha sido ele quem o escreveu. Foi admirado por Pláton enquanto vivia.

Lisías (445 – 380 a.C.): Era filho de um siracusano e, por esse motivo, viveu em Atênai durante grande parte de sua vida como um Metóiko, um estrangeiro sem direitos políticos. Foi contemporâneo à guerra do Pelopônnesos e notabilizou-se como um logógrafo, um escritor de discursos. Sua obra mais conhecida é ‘Contra Eratosténes’, um dos trinta tiranos em Atênai.

Lucian (120 – 190 d.C.): Nascido na pequena Samósata, na Síria romana, Lucian (ou Lukianós) foi um satirista, retórico e panfletário que escreveu em dialeto ático. Suas obras foram muito populares em sua época. Segundo ele próprio, sua maior realização literária teria sido a invenção do “diálogo satírico”, do qual destaca-se o “Diálogo das Hetáirai”.